10.02.2007

Adultez

O CASTIGO DE VER

Um juiz de Santa Mónica, nos Estados Unidos, inventou uma pena que, provavelmente, não é muito jurídica, mas é um exemplo do que devem ser os castigos humanos. No julgamento de uma jovem acusada de conduzir com imprudência, não foi castigada com uma multa nem com umas semanas de prisão, mas sim a passar um dia inteiro no sector das urgências de uma clínica da Cruz Vermelha para que visse com os seus olhos o que são realmente acidentes. Um jornal que publicou a notícia diz que a jovem, ao concluir o seu “castigo”, comentou: “É horrível. Prometo nunca mais voltar a conduzir com tanta velocidade”.
O juiz acertou ao escolher o castigo e impor-lhe a pena de “ver”.
Realmente, quando os homens fazem o que fazem, na verdade não sabem o que fazem. Não vêem nada, vivem enclausurados nos próprios interesses, ignorando a dor que passe na própria pele.
Talvez na juventude vissem as dores do mundo, mas para alguma coisa servem os adultos: para os convencerem que cada um deve cuidar da própria ferida, para lhes explicarem que só serão felizes se cultivarem o seu coraçãozito, e “quem vier depois que se arranje”. Assim, vão cortando, uma a uma, todas as pontes que uniam todos uns aos outros, e terminam por ser ilhas estupendas que nada sabem e nada vêem do que acontece ao que está à sua volta.

(José Luís Martín Descalzo, Razões para Viver)
Para reflectir:
- Conheço adultos assim?
- Essas pessoas interferem na minha vida?
- Como quero ser quando for adulto?

Para agir:
- Conversar com um adulto que interfira de alguma forma na tua vida, demonstrando-lhe os teus sentimentos, revelando-lhe os teus sonhos e procurando a (ir)realidade dos seus conselhos.


(Tema desenvolvido por Dulce Almeida, paróquia de Valadares, Delegada Vicarial de Gaia 1)